terça-feira, 17 de maio de 2016

Projeto Música Para Ser Feliz

O Projeto Música Para Ser Feliz surgiu da necessidade de compreender e experimentar no chão da escola, as diversas percepções musicais de crianças e adolescentes. 

Percebemos que a ludicidade pouco a pouco é retirada da vivência escolar das crianças. Em alguns contextos, isso ocorre em prol de resultados numéricos contabilizados apenas num momento do aluno e, que nem sempre condizem com a sua realidade. Um outro fato que ocasionou nossa intervenção foi a desvalorização das Artes no processo de Ensino e aprendizagem. Apesar da legislação vigente (LDB 9394/96, Lei n.º 12.287/2010, Lei n.º 11.769/2008, dentre outras), percebe-se que a hierarquia das disciplinas persiste em reinar nos currículos e propostas pedagógicas dos sistemas de ensino e, consequentemente, das escolas.

É imprescindível que os sistemas de ensino avaliem a qualidade da aprendizagem, no entanto, é fato que um dos grandes vilões desse processo no Ceará, são as avaliações externas. Não por sua característica avaliativa mas, pela forma como, atualmente, são geridas e desenvolvidas pelas secretarias de educação e escolas públicas.

Não vou aprofundar essa questão nesse momento, no entanto, citá-la foi imprescindível para refletir sobre a realização desse projeto.

É preciso dizer que o aluno aprende quando também é valorizado a partir de suas raízes, identidade, direito de voz, de se comunicar e de se expressar. Um dos caminhos mais presentes nesse processo é o das Artes. Se a criança ainda não percebeu esse universo em seu cotidiano é porque não foi ouvida, não lhe permitiram o acesso à essa vivência e, portanto, não teve sequer uma oportunidade para perceber a sua importância na escola e em seu cotidiano familiar e em sua comunidade.

Ouvir da criança que seus colegas "lhe deram respeito" depois de experiências que lhe permitiram expressar-se e comunicar-se, representou uma das validações dessa experiência. Foi o primeiro passo para que algumas crianças de realidades críticas e sem perspectivas, vislumbrassem o querer contribuir com algo, para também querer contribuir consigo mesmas. 

O Projeto Música Para Ser Feliz teve um planejamento estrutural, crítico e processual, considerando etapas como: objetivo(s), metodologia (e/ou estratégias), recursos, orçamento, cronograma, dentre outras.


Pensando num planejamento coletivo participativo, construímos junto com os alunos as etapas do Projeto. Essas atividades envolveram desde a escuta dos alunos, de suas preferências, de suas percepções, à produção de um repertório, de adaptações de músicas à histórias e vice e versa, de releituras e, por fim, a criação de um show musical incluindo todas as suas escolhas e ideias. Todo o trabalho permitiu aos alunos uma vivência de pesquisas, leituras, escritas, falas, interpretações, diversos registros e uma auto estima bastante elevada.

Certamente, esse trabalho gerou mais aprendizagem do que algumas semanas de "reforço escolar", utilizando apenas as letras do alfabeto e a formação de sílabas.

Deixamos um gostinho dessa experiência aqui em nosso blog. Vale a pena conhecer esse trabalho e em que este reverberou na vida dos alunos e também de professores e colaboradores.

Um forte abraço!




quinta-feira, 10 de março de 2016

Prêmio Boas Práticas em Gestão Escolar


Prêmio Boas Práticas em Gestão Escolar

Olá caríssimos!!!
É com muito prazer que divulgamos para vocês (um pouco atrasadas rsrsrsrs) o RECONHECIMENTO do nosso trabalho em Gestão Escolar.
Em 2015, participamos do Curso Gestão para a Aprendizagem, no qual elaboramos um Plano de Ação para os alunos do 2º Ano. Uma turma com sérios problemas e com muitos casos de alunos não alfabetizados.
A equipe de formadores e coordenadores da Elos Educacional fez uma avaliação cuidadosa considerando todo o percurso de atividades ao longo do curso, indicando as equipes gestoras das 3 escolas que seriam convidadas a apresentar seus trabalhos no dia 21 de janeiro de 2016 para uma banca que selecionaria o melhor plano de ação.








As escolas selecionadas eram de São Bernardo do Campo - SP, Crato - CE e de Salvador - BA.

No dia 21 de janeiro de 2016 foi realizado o I SEMINÁRIO DE BOAS PRÁTICAS EM GESTÃO ESCOLAR da Elos Educacional.
O evento aconteceu no Centro de Formação de Professores de São Caetano do Sul, das 14h às 18h, em São Caetano do Sul - SP, promovido pela Elos Educacional em parceria com a Fundação Lemann.
Ao final do evento, ocorreu a escolha do MELHOR PLANO implementado em 2015.
E imaginem só: O O NOSSO PLANO GANHOU O PRIMEIRO LUGAR!!!!
Agradecemos às crianças e professoras do 2º ano, à EEIEF Sinobilina Peixoto, às formadoras Tábata Milula e Priscila de Giovani, à toda a equipe da Elos Educacional e à Fundação Lemann.
Acreditamos que nada disso faria sentido se não fosse a certeza do dever cumprido e a alegria de ver crianças vislumbrarem dias melhores. Crianças que até então eram desacreditadas por professores, familiares e pelos “sistemas”.





























domingo, 16 de fevereiro de 2014

RETOMANDO PROJETOS


Caríssimos, há quanto tempo... Um ano e três meses, para ser exata!

Senti saudades. A burocracia e correria da função não permitiram registrar aqui no blog, os projetos e ações em prol da educação de qualidade a qual acredito. Até que...

Até que encontrei motivação para retomar a caminhada. Esbarrei em dificuldades estranhas. Barreiras que me ajudaram a reagir, a acordar. Acredito que durante algum tempo fui passiva escutando afirmativas sobre coisas das quais discordo.
Como disse em uma de minhas postagens: “De volta ao tesão inicial”!
Projetar e gerir coisas em prol do bem comum me motiva. Isso é fato. Gostem disso ou não, o farei.

Longe mim os que não acreditam que fazer o bem é possível! Se protagonizasse essa premissa, estaria condenada à uma vida infeliz de projetos gélidos e uma vida inteirinha sem sonhos. Quero sonhos, pois deles advém as conquistas e vitórias.

Estou quase na culminância de um projeto maior (ser feliz). Mas, como diz "aquela" canção “quase também é mais um detalhe”, tudo está ainda inacabado. De que forma poderia viver os dias, inteligenciar os pensamentos e gastar as energias, se não fossem os desafios da luta?
É sensato buscar sempre. Persigo isso. Estando onde quero estar, acredito que os homens podem fazer a Educação. Fazer o bem. Fazer o amor. Fazer....fazer... FAZER é possível.

Não estamos mais na era da inquisição dos justos. 
Vivemos tempos bem diferentes. 
Lembram do grande tsunami humano, dos 20 centavos do aumento na passagem do transporte coletivo?  Me sinto parte daquela onda gigante!

Exercício constante é a prática da humanização e valorização do caráter... (Reflexão)
E como disse Paulo Freire " É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática"...

... Voltei.
Um forte abraço!






sábado, 10 de novembro de 2012

Eu apoio!


Cida apresenta projeto para alteração do ECA , e recebe apoio de empresárias e professoras


23/08/2011

Autora do projeto de lei 267/2011, a deputada federal Cida Borghetti (PP-PR) proferiu uma palestra na ACP (Associação Comercial do Paraná), nesta segunda-feira, 22, para empresárias e professoras, sobre tema que envolve educação, professores e alunos . A  convite do Conselho da Mulher Empresária, Cida falou por mais de uma hora, apresentando e respondendo  os  questionamentos sobre a proposta do projeto de sua autoria que  altera o ECA  incluindo  o Art. 53-A  - “Na condição de estudante, é dever da criança e do adolescente observar os códigos de ética e de conduta da instituição de ensino a que estiver vinculado, assim como respeitar a autoridade intelectual e moral de seus docentes”.Segundo a deputada, encontros com associações e representantes de classe, tende a enriquecer o debate em torno do tema. “Foi um encontro positivo, onde ouvimos profissionais que vivem o cotidiano  das salas de aula. Isso nos dá confiança de que nosso trabalho realmente está repercutindo positivamente ”, avaliou. Sobre alterar o ECA a deputada explicou que considera uma alteração sutil , mas que surtirá o efeito  da transformação  na convivência entre professores e alunos. “Sou a favor do ECA, protegendo e orientando nossas crianças e adolescentes para que tenham um futuro melhor. Essa alteração apenas se dará devido ao comportamento  de alguns alunos que acaba afetando o rendimento escolar e a saúde psíquica do professor ,  quando  sofre algum tipo de agressão”, defende. Para a deputada o projeto se define na palavra  " deveres " . “Não estamos falando em punição e sim em responsabilidades do aluno. Como há direitos, incluímos também os deveres no caso de comportamento agressivo ou perturbador”. De acordo com projeto, o aluno que maltratar o professor será conduzido  à  direção da escola e, dependendo do grau da agressão física ou moral, será encaminhando ao juiz da Vara da Infância e Adolescência, para uma avaliação psicológica ou psiquiátrica. “Nosso objetivo é dar assistência a esse aluno que  demonstra atitudes agressivas,  podendo ser um reflexo de sua vida fora da escola. Nosso projeto busca  a boa convivência em sala de aula, entre professores e alunos”, concluiu a deputada.  Repercussão do Projeto O projeto de lei de Cida Borghetti está repercutindo em todo país. Prova disso, são as centenas de e-mails e manifestações que a parlamentar vem recebendo de professores,  vindos de várias partes do Brasil. Cida citou alguns casos em sua palestra como o relato de um professor de Educação Física da rede estadual de São Paulo que contou o seu drama :  “Recentemente apareci na televisão e em jornais por motivo de violência escolar. Sou pai de uma criança de quatro anos ,  que ficará sem pai ,  caso eu seja morto”.  Na internet existe uma corrente de apoio entre professores, alunos e pais ao projeto 267/2011. 
Anexo IV, Gabinete 412
CEP: 70160-900 - Brasília-DF
Fones: (61) 3215-5412/3412
Fax: (61) 3215-2412
dep.cidaborghetti@camara.gov.br
Av. Prudente de Morais, 750 - Zona 7
CEP: 87020-010 - Maringá-PR
Fones: (44) 3046-4800/ 3046-4001
Fax: (44) 3225-9351
cidaborghetti@yahoo.com.br

Texto extraído do site: http://www.cidaborghetti.com.br/noticias.php?id=80

Leia mais em: 


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

I Semana de Sensibilização de Educação Especial

Sensibilizar-se...

      Se buscarmos no dicionário teremos alguns significados e definições sobre essa palavra. No entanto, neste contexto, sensibilização é colocada como "sentimento e inquietação. O objetivo aqui é mostrar um trabalho em desenvolvimento e chamar a sociedade à uma tomada de decisão e à praticidade das ações que a legislação e o bom senso já contemplam.
       A EEIEF Liceu Dicesano, localizada no Bairro Seminário, cidade do Crato-CE, realiza de 06 a 09 de novembro de 2012 sua primeira semana de Sensibilização de Educação Especial, na busca de incentivar reflexões e práticas sobre esse campo de atuação cercado de incertezas e desafios. O maior deles diz respeito à formação dos profissionais da Educação para mediar os momentos de aprendizagem de crianças com necessidades especiais específicas no Ensino Regular. Outro desafio é a adequação dos espaços para a aprendizagem e o desenvolvimento dessas crianças.
           Apesar de todas as dificuldades encontradas ao longo da caminhada, a Escola Liceu Dicesano busca desenvolver a inclusão de crianças especiais no Ensino Regular atuando como um polo de referência no bairro onde está localizada. Muito ainda há de ser feito no que diz respeito ao trabalho conjunto entre governos, escola e comunidade. Mas como disse a Psicopedagoga Professora Cineide, o trabalho "tem dado certo!".

Isso é visivelmente comprovado no dia a dia da referida instituição.

Persiste, assim, a palavra-chave deste blog: enfrentamento!

Para que se discutir práticas em Educação, se estas não contribuirem efetivamente para a aprendizagem e o desenvolvimento das pessoas? Num mundo tão "modernizado" e capitalista onde vivemos, sem enfrentamento nada ou "quase nada" será concretizado em prol da Educação.


Pratiquemos, então, a inclusão para que essa prática torne-se ainda mais significativa, envolvendo todos nesse processo: governos, escolas e comunidades de forma geral, provocando a sensibilização e buscando resultados mais abrangentes.

Vamos conferir!




        



terça-feira, 2 de outubro de 2012

De pai para filho

 
O FILME

Iniciativas como essa, somam-se aos nossos esforços pela valorização da cultura nordestina.

O Rei do Baião cantava a vida do sertanejo e as problemáticas do sertão tão discriminado pelas lideranças que insistem impiedosamente em manter as consequências da seca em nossa região.

Os personagens que Luiz Gonzaga retrata em sua obra, encantam não apenas os nordestinos, mas a brasileiros e estrangeiros.  Um exemplo disso, está aí: Um filme que conta a história desse artista e ilustre poeta das causas nordestinas.

Ansiávamos por um projeto assim, significativo e que possa contribuir para que as novas gerações também tenham a oportunidade de conhecer essa riqueza cultural.

Viva Seu Luiz!

Link para o vídeo no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=ooISXnf8uw4

domingo, 8 de julho de 2012

Dez anos sem Patativa!


         Patativa do Assaré era o pseudônimo de Antônio Gonçalves da Silva. Nasceu em 5 de março de 1909, na cidade de Assaré (Ceará). Foi um dos mais importantes representantes da cultura popular nordestina. Dedicou sua vida a produção da cultura popular, voltada para o povo marginalizado e oprimido do sertão nordestino. Com uma linguagem simples, porém poética, destacou-se como compositor, improvisador e poeta. Produziu também literatura de cordel, porém nunca se considerou um cordelista
          Sua vida na infância foi marcada por momentos difíceis. Nasceu numa família de agricultores pobres e perdeu a visão de um olho. O pai morreu quando tinha oito anos de idade. A partir deste momento começou a trabalhar na roça para ajudar no sustento da família. Foi estudar numa escola local com doze anos de idade, porém ficou poucos meses nos bancos escolares. Nesta época, começou a escrever seus próprios versos e pequenos textos. Ganhou da mãe uma pequena viola aos dezesseis anos de idade. Muito feliz, passou a escrever e cantar repentes e se apresentar em pequenas festas da cidade
         Ganhou o apelido de Patativa, uma alusão ao pássaro de lindo canto, quando tinha vinte anos de idade. Nesta época, começou a viajar por algumas cidades nordestinas para se apresentou como violeiro. Cantou também diversas vezes na rádio Araripe.
         No ano de 1956, escreveu seu primeiro livro de poesias “Inspiração Nordestina”. Com muita criatividade, retratou aspectos culturais importantes do homem simples do Nordeste. Após este livro, escreveu outros que também fizeram muito sucesso. Ganhou vários prêmios e títulos por suas obras.
Patativa do Assaré faleceu no dia 8 de julho de 2002 em sua cidade natal.

Livros

· Inspiração Nordestina - 1956
· Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa -1967
· Cante Lá que Eu Canto Cá - 1978
· Ispinho e Fulô - 1988
· Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 1991
· Cordéis - 1993
· Aqui Tem Coisa - 1994
· Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré - 2000
· Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 2001
· Ao pé da mesa – 2001

Poemas mais conhecidos

· A Triste Partida
· Cante Lá que eu Canto Cá
· Coisas do Rio de Janeiro
· Meu Protesto
· Mote/Glosas
· Peixe
· O Poeta da Roça
· Apelo dum Agricultor
· Se Existe Inferno
· Vaca estrela e Boi Fubá
· Você e Lembra?
· Vou Vorá  

FONTE: http://www.suapesquisa.com/biografias/patativa_assare.htm

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro.

Edgar Morin.                 

            Os sete saberes necessários à educação do futuro não têm nenhum programa educativo, escolar ou universitário. Aliás, não estão concentrados no primário, nem no secundário, nem no ensino universitário, mas abordam problemas específicos para cada um desses níveis. Eles dizem respeito aos setes buracos negros da educação, completamente ignorados, subestimados ou fragmentados nos programas educativos. Programas esses que, na minha opinião, devem ser colocados no centro das preocupações sobre a formação dos jovens, futuros cidadãos.

O Conhecimento.
O primeiro buraco negro diz respeito ao  conhecimento. Naturalmente, o ensino fornece conhecimento, fornece saberes. Porém, apesar de sua fundamental importância, nunca se ensina o que é, de fato, o conhecimento. E sabemos que os maiores problemas neste caso são o erro e a ilusão.
Ao examinarmos as crenças do passado, concluímos que a maioria contém erros e ilusões. Mesmo quando pensamos em vinte anos atrás, podemos constatar como erramos e nos iludimos sobre o mundo e a realidade. E por que isso é tão importante? Porque o conhecimento nunca é um reflexo ou espelho da realidade. O conhecimento é sempre uma tradução, seguida de uma reconstrução. Mesmo no fenômeno da percepção, através do qual os olhos recebem estímulos luminosos que são transformados, decodificados, transportados a um outro código, que transita pelo nervo ótico, atravessa várias partes do cérebro para, enfim, transformar aquela informação primeira em percepção. A partir deste exemplo, podemos concluir que a percepção é uma reconstrução. 
Tomemos um outro exemplo de percepção constante: a imagem do ponto de vista da retina. As pessoas que estão próximas parecem muito maiores do que aquelas que estão mais distantes, pois à distância, o cérebro não realiza o registro e termina por atribuir uma dimensão idêntica para todas as pessoas. Assim como os raios ultravioletas e infravermelhos que nós não vemos, mas sabemos que estão aí e nos impõem uma visão segundo as suas incidências. Portanto, temos percepções, ou seja, reconstruções, traduções da realidade. E toda tradução comporta o risco de erro. Como dizem os italianos “tradotore/traditore”.
            Também sabemos que não há nenhuma diferença intrínseca entre uma percepção e uma alucinação. Por exemplo: se tenho uma alucinação e vejo Napoleão ou Júlio César, não há nada que me diga que estou enganado, exceto o fato de saber que eles estão mortos. São os outros que vão me dizer se o que vejo é verdade ou não. Quero dizer com isso que estamos sempre ameaçados pela alucinação. Até nos processos de leitura isto acontece. Nós sabemos que não seguimos a linha do que está escrito, pois, às vezes, nossos olhos saltam de uma palavra para outra e reconstrói o conjunto de uma maneira quase alucinatória. Neste momento, é o nosso espírito que colabora com o que nós lemos. E não reconhecemos os erros porque deslizamos neles. O mesmo acontece, por exemplo, quando há um acidente de carro. As versões e as visões do acidente são completamente diferentes, principalmente pela emoção e pelo fato das pessoas estarem em ângulos diferentes.
            No plano histórico há erros, se me permitem o jogo de palavras, histéricos. Tomemos um exemplo um pouco distante de nós: os debates sobre a Primeira Guerra
Mundial.  Uma época em que a França e a Alemanha tinham partidos socialistas fortes, potentes e muito pacifistas, e que, evidentemente, eram contrários à guerra que se anunciava. Mas, a partir do momento em que se desencadeou a guerra, os dois partidos se lançaram, massivamente a uma campanha de propaganda, cada um imputando ao outro os atos mais ignóbeis. Isto durou até o fim da guerra. Hoje, podemos constatar com os eventos trágicos do Oriente Médio a mesma maneira de tratar a informação. Cada um prefere camuflar a parte que lhe é desvantajosa para colocar em relevo a parte criminosa do outro.
            Este problema se apresenta de uma maneira perceptível e muito evidente, porque as traduções e as reconstruções são também um risco de erro e muitas vezes o maior erro é pensar que a idéia é a realidade. E tomar a idéia como algo real é confundir o mapa com o terreno.
          Outras causas de erro são as diferenças culturais, sociais e de origem. Cada um pensa que suas idéias são as mais evidentes e esse pensamento leva a idéias normativas. Aquelas que não estão dentro desta norma, que não são consideradas normais, são julgadas como um desvio patológico e são taxadas como ridículas. Isso não ocorre somente no domínio das grandes religiões ou das ideologias políticas, mas também das ciências. Quando Watson e Crick decodificaram a estrutura do código genético, o DNA (ácido desoxirribonucléico), surpreenderam e escandalizaram a maioria dos biólogos, que jamais imaginavam que isto poderia ser transcrito em moléculas químicas. Foi preciso muito tempo para que essas idéias pudessem ser aceitas.
            Na realidade, as idéias adquirem consistência como os deuses nas religiões. É algo que nos envolve e nos domina a ponto de nos levar a matar ou morrer. Lenin dizia: “Os fatos são teimosos, mas, na realidade, as idéias são ainda mais teimosas do que os fatos e resistem aos fatos durante muito tempo”. Portanto, o problema do conhecimento não deve ser um problema restrito aos filósofos. É um problema de todos e cada um deve levá-lo em conta desde muito cedo e explorar as possibilidades de erro para ter condições de ver a realidade, porque não existe receita milagrosa.
 
O Conhecimento Pertinente.
            O segundo buraco negro é que não ensinamos as condições de um  conhecimento pertinente, isto é, de um conhecimento que não mutila o seu objeto. Nós seguimos, em primeiro lugar, um mundo formado pelo ensino disciplinar. É evidente que as disciplinas de toda ordem ajudaram o avanço do conhecimento e são insubstituíveis. O que existe entre as disciplinas é invisível e as conexões entre elas também são invisíveis. Mas isto não significa que seja necessário conhecer somente uma parte da realidade. É preciso ter uma visão capaz de situar o conjunto. É necessário dizer que não é a quantidade de informações, nem a sofisticação em Matemática que podem dar sozinhas um conhecimento pertinente, mas sim a capacidade de colocar o conhecimento no contexto.
            A economia, que é das ciências humanas, a mais avançada, a mais sofisticada, tem um poder muito fraco e erra muitas vezes nas  suas previsões, porque está ensinando de modo a privilegiar o cálculo. Com isso, acaba esquecendo os aspectos humanos, como o sentimento, a paixão, o desejo, o temor, o medo. Quando há um problema na bolsa, quando as ações despencam, aparece um fator totalmente irracional que é o pânico, e que, freqüentemente, faz com que o fator econômico tenha a ver com o humano, ligando-se, assim, à sociedade, à psicologia, à mitologia. Essa realidade social é multidimensional e o econômico é apenas uma dimensão dessa sociedade. Por isso, é necessário contextualizar todos os dados.
            Se não houver, por exemplo, a contextualização dos conhecimentos históricos e geográficos, cada vez que aparecer um acontecimento novo que nos fizer descobrir uma região desconhecida, como o Kosovo, o Timor ou Serra Leoa, não entenderemos nada. Portanto, o ensino por disciplina, fragmentado e dividido, impede a capacidade natural que o espírito tem de contextualizar. E é essa capacidade que deve ser estimulada e desenvolvida pelo ensino, a de ligar as partes ao todo e o todo às partes. Pascal dizia, já no século XVII: “Não se pode conhecer as partes sem conhecer o todo, nem conhecer o todo sem conhecer as partes”.
            O contexto tem necessidade, ele mesmo, de seu próprio contexto. E o conhecimento, atualmente, deve se referir ao global. Os acidentes locais têm repercussão sobre o conjunto e as ações do conjunto sobre os acidentes locais. Isso foi comprovado depois da guerra do Iraque, da guerra da Iugoslávia e, atualmente, pode ser verificado com o conflito do Oriente Médio.
 
A Identidade Humana. 

        O terceiro aspecto é a  identidade humana. É curioso que nossa identidade seja completamente ignorada pelos programas de instrução. Podemos perceber alguns aspectos do homem biológico em Biologia, alguns aspectos psicológicos em Psicologia, mas a realidade humana é indecifrável. Somos indivíduos de uma sociedade e fazemos parte de uma espécie. Mas, ao mesmo tempo em que fazemos parte de uma sociedade, temos a sociedade como parte de nós, pois desde o nosso nascimento a cultura se nos imprime. Nós somos de uma espécie, mas ao mesmo tempo a espécie é em nós e depende de nós. Se nos recusamos a nos relacionar sexualmente com um parceiro de outro sexo, acabamos com a espécie. Portanto, o relacionamento entre indivíduo-sociedade-espécie é como a trindade divina, um dos termos gera o outro e um se encontra no outro. A realidade humana é trinitária.
           Eu acredito possível a convergência entre todas as ciências e a identidade humana. Um certo número de agrupamentos disciplinares vai favorecer esta convergência. É necessário reconhecer que na segunda metade do século XX, houve uma revolução científica, reagrupando as disciplinas em ciências pluridisciplinares. Assim, há a cosmologia, as ciências da terra, a ecologia e a pré-história. 
        Tome-se como exemplo a cosmologia, que, efetivamente, utiliza a microfísica, os aceleradores de partículas para imaginar os primeiros segundos do universo. Ela utiliza a observação e pratica uma reflexão filosófica sobre o mundo, assim como fizeram Hubert Reeves, Hawkins, Michel Cassé e tantos outros. Eles refletem sobre o universo incrível no qual vivemos. Mas o que é importante para a identidade humana é saber que estamos neste minúsculo planeta perdidos no cosmos. Nossa missão não é mais a de conquistar o mundo como acreditava Descartes, Bacon e Marx. Nossa missão se transformou em civilizar o pequeno planeta em que vivemos.
            Por outro lado, as ciências da terra nos inscrevem neste planeta formado por fragmentos cósmicos, resultados de uma explosão de sóis anteriores. Resta saber como estes fragmentos reunidos e aglomerados puderam criar uma tal organização, uma auto-organização, para nos dar este planeta. É necessário mostrar que ele gerou a vida, e a nós somos, filhos da vida. 
         A biologia, com a teoria da evolução, nos prova como trazemos dentro de nós, efetivamente, o processo de desenvolvimento da primeira célula vivente, que se multiplicou e se diversificou.
          Quando sonhamos com nossa identidade, devemos pensar que temos partículas que nasceram no despertar do universo. Temos átomos de carbono que se formaram em sóis anteriores ao nosso, pelo encontro de três núcleos de hélio que se constituíram em moléculas e neuromoléculas na terra. Somos todos filhos do cosmos, mas nos transformamos em estranhos através de nosso conhecimento e de nossa cultura.
        Portanto, é preciso ensinar a unidade dos três destinos, porque somos indivíduos, mas como indivíduos somos, cada um, um fragmento da sociedade e da espécie  Homo sapiens, à qual pertencemos. E o importante é que somos uma parte da sociedade, uma parte da espécie, seres desenvolvidos sem os quais a sociedade não existe. A sociedade só vive com essas interações.
            È importante, também, mostrar que, ao mesmo tempo em que o ser humano é múltiplo, ele é parte de uma unidade. Sua estrutura mental faz parte da complexidade humana. Portanto, ou vemos a unidade do gênero e esquecemos a diversidade das culturas e dos indivíduos, ou vemos a diversidade das culturas e não vemos a unidade do ser humano. 
            Esse problema vem causando polêmicas desde o século XVIII, quando Voltaire disse: “Os chineses são iguais a nós, têm paixões, choram”. E Herbart, o pensador alemão, afirmou: “Entre uma cultura e outra não há comunicação, os seres são diferentes”. Os dois tinham razão, mas na realidade essas duas verdades têm que ser articuladas. Nós temos os elementos genéticos da nossa diversidade e, é claro, os elementos culturais da nossa diversidade.
            È preciso lembrar que rir, chorar, sorrir, não são atos aprendidos ao longo da educação, são inatos, mas modulados de acordo com a educação. Heigerfeld fez uma observação sobre uma jovem surda-muda de nascença que ria, chorava e sorria. Atualmente, estudos demonstram que o feto começa a sorrir no ventre da mãe. Talvez porque não saiba o que o espera depois... Mas isso nos permite entender a nossa realidade, nossa diversidade e singularidade. 
        Chegamos, então, ao ensino da literatura e da poesia. Elas não devem ser consideradas como secundárias e não essenciais. A literatura é para os adolescentes uma escola de vida e um meio para se adquirir conhecimentos. As ciências sociais vêem categorias e não indivíduos sujeitos a emoções, paixões e desejos. A literatura, ao contrário, como nos grandes romances de Tolstoi, aborda o meio social, o familiar, o histórico e o concreto das relações humanas com uma força extraordinária.
         Podemos dizer que as telenovelas também nos falam sobre problemas fundamentais do homem; o amor, a morte, a doença, o ciúme, a ambição, o dinheiro. Temos que entender que todos esses elementos são necessários para entender que a vida não é aprendida somente nas ciências formais. E a literatura tem a vantagem de refletir sobre a complexidade do ser humano e sobre a quantidade incrível de seus sonhos. Como James Joyce, por exemplo, que, ao criar um personagem, mostrava que uma pessoa pode ter sentimentos totalmente diversos. Ou como o herói de Dostoievski, em  O Idiota que não sabe se a jovem está apaixonada por ele e ao fim da trama, depois de ter sofrido muito, encontra um amigo que lhe diz: “mas que imbecil você é, não entendeu que ela o ama”. Isto pode acontecer com qualquer pessoa, é a dificuldade de saber o que o outro pensa e sente. Marcel Proust mostrou, em Um amor de Swan, o que ele chamava de intermitências do coração, ou seja, que uma pessoa pode se apaixonar, esquecer-se da pessoa desejada e voltar a amá-la. Neste romance o herói sofre durante anos de ciúmes por causa de uma mulher e quando ele já não está mais apaixonado, diz: “mas eu sofri tanto por uma mulher que não me amava e que nem era meu tipo”.
           Podemos, então, compreender a complexidade humana através da literatura. A poesia nos ensina a qualidade poética da vida, essa qualidade que nós sentimos diante de fatos da realidade. Como, por exemplo, os espetáculos da natureza: o céu de Brasília que é tão bonito. A vida não deve ser uma prosa que se faça por obrigação. A vida é viver poeticamente na paixão, no entusiasmo.
            Para que isso aconteça, devemos fazer convergir todas as disciplinas conhecidas para a identidade e para a condição humana, ressaltando a noção de  homo sapiens; o homem racional e fazedor de ferramentas, que é, ao mesmo tempo, louco e está entre o delírio e o equilíbrio, nesse mundo de paixões em que o amor é o cúmulo da loucura e da sabedoria. 
          O homem não se define somente pelo trabalho, mas também pelo jogo. Não só as crianças, como também os adultos gostam de jogar. Por isso vemos partidas de futebol. Nós somos  Homo ludens, além de  Homo economicus. Não vivemos só em função do interesse econômico. Há, também, o homo mitologicus, isto é, vivemos em função de mitos e crenças. 
          Enfim o homem é prosaico e poético. Como dizia Hölderling: “O homem habita poeticamente na terra, mas também prosaicamente e se a prosa não existisse, não poderíamos desfrutar da poesia”.
 
A Compreensão Humana.
       O quarto aspecto é sobre a  compreensão humana. Nunca se ensina sobre como compreender uns aos outros, como compreender nossos vizinhos, nossos parentes, nossos pais. O que significa compreender? 
        A palavra compreender vem do latim, compreendere, que quer dizer: colocar junto todos os elementos de explicação, ou seja, não ter somente um elemento de explicação, mas diversos. Mas a compreensão humana vai além disso, porque, na realidade, ela comporta uma parte de empatia e identificação. O que faz com que se compreenda alguém que chora, por exemplo, não é analisar as lágrimas no microscópio, mas saber o significado da dor, da emoção. Por isso, é preciso compreender a compaixão, que significa sofrer junto. É isto que permite a verdadeira comunicação humana.
       A grande inimiga da compreensão é a falta de preocupação em ensiná-la. Na realidade, isto está se agravando, já que o individualismo ganha um espaço cada vez maior. Estamos vivendo numa sociedade individualista, que favorece o sentido de responsabilidade individual, que desenvolve o egocentrismo, o egoísmo e que, consequentemente, alimenta a autojustificação e a rejeição ao próximo.
       A raiva leva à vontade de eliminar o outro e tudo aquilo que possa aborrecer. De certa maneira, isto favorece ao que os ingleses chamam de self-deception, isto é, mentir a si mesmo, pois o egocentrismo vai tramando sempre o negativo e esquecendo dos outros elementos. 
      A redução do outro, a visão unilateral e a falta de percepção sobre a complexidade humana são os grandes empecilhos da compreensão. Outro aspecto da incompreensão é a indiferença. E, por este lado, é interessante abordar o cinema, que os intelectuais tanto acusam de alienante. Na verdade, o cinema é uma arte que nos ensina a superar a indiferença, pois transforma em heróis os invisíveis sociais, ensinando-nos a vê-los por um outro prisma. Charlie Chaplin, por exemplo, sensibilizou platéias inteiras com o personagem do vagabundo. Outro exemplo é Coppola, que popularizou os chefes da Máfia com “O Chefão”. No teatro, temos a complexidade dos personagens de Shakspeare: reis, gangsters, assassinos e ditadores. No cinema, como na filosofia de Heráclito: “Despertados, eles dormem”. Estamos adormecidos, apesar de despertos, pois diante da realidade tão complexa, mal percebemos o que se passa ao nosso redor.
     Por isso, é importante este quarto ponto: compreender não só os outros como a si mesmo, a necessidade de se auto-examinar, de analisar a autojustificação, pois o mundo está cada vez mais devastado pela incompreensão, que é o câncer do relacionamento entre os seres humanos.

 A Incerteza. 
      O quinto aspecto é a  incerteza. Apesar de, nas escolas, ensinar-se somente as certezas, como a gravitação de Newton e o eletromagnetismo, atualmente a ciência tem abandonado determinados elementos mecânicos para assimilar o jogo entre certeza e incerteza, da micro-física às ciências humanas. É necessário mostrar em todos os domínios, sobretudo na história, o surgimento do inesperado. Eurípides dizia no fim de três de suas tragédias que: “os deuses nos causam grandes surpresas, não é o esperado que chega e sim o inesperado que nos acontece”. É a velha idéia de 2.500 anos, que nós esquecemos sempre.
         As ciências mantêm diálogos entre dados hipotéticos e outros dados que parecem mais prováveis. Os processos físicos, assim como outros também, pressupõem variações que nos levam à desordem caótica ou à criação de uma nova organização, como nas teorias sobre a incerteza de Prigogine, baseadas nos exemplos dos turbilhões de Born. Analisando retroativamente a história da vida, constata-se que ela não foi linear, que não teve uma evolução de baixo para cima. A evolução segundo Darwin foi uma evolução composta de ramificações, a exemplo do mundo vegetal e o mundo animal.
        O homem vem de uma dessas ramificações e conseguiu chegar à consciência e à inteligência, mas não somos a meta da evolução, fazemos parte desse processo. A história da vida foi, na verdade, marcada por catástrofes. 
       No fim da era secundária, a queda do asteróide que matou os dinossauros e ressecou a vegetação desses animais enormes, matando-os de fome deu oportunidade à proliferação dos mamíferos. Assim também ocorreu com as sociedades humanas. Todas sofreram o colapso por uma razão ou outra. Nem mesmo o império romano, que parecia eterno, conseguiu sobreviver. As sociedades andinas, que eram mais potentes que seus colonizadores espanhóis e cujas capitais eram muita mais ricas que Paris, Madri ou Lisboa, foram destruídas por espanhóis que chegaram com cavalos e armas desconhecidas.
      As duas guerras mundiais destruíram muito na metade do século XX, depois da Primeira Guerra Mundial. Três grandes impérios da época, por exemplo, o romano-otomano, o austro-húngaro e o soviético, desapareceram. Isto nos demonstra a necessidade de ensinar o que chamamos de ecologia da ação: a atitude que se toma quando uma ação é desencadeada e escapa ao desejo e às intenções daquele que a provocou, desencadeando influências múltiplas que podem desviá-la até para o sentido oposto ao intencionado. 
         A história humana está repleta de exemplos dessa natureza. O mais evidente no final do século XX foi o projeto político de Gorbatchev, que pretendeu reformar o sistema político da União Soviética, mas acabou provocando o começo de sua própria
desagregação e implosão. 
        Assim tem acontecido em todas as etapas da história. O inesperado aconteceu e acontecerá, porque não temos futuro e não temos certeza nenhuma do futuro. As previsões não foram concretizadas, não existe determinismo do progresso. Os espíritos, portanto, têm que ser fortes e armados para enfrentarem essa incerteza e não se desencorajarem. 
            Essa incerteza é uma incitação à coragem. A aventura humana não é previsível, mas o imprevisto não é totalmente desconhecido. Somente agora se admite que não se conhece o destino da aventura humana. É necessário tomar consciência de que as futuras decisões devem ser tomadas contando com o risco do erro e estabelecer estratégias que possam ser corrigidas no processo da ação, a partir dos imprevistos e das informações que se tem.

A Condição Planetária. 
        O sexto aspecto é a  condição planetária, sobretudo na era da globalização no século XX – que começou, na verdade no século XVI com a colonização da América e a interligação de toda a humanidade. Esse fenômeno que estamos vivendo hoje, em que tudo está conectado, é um outro aspecto que o ensino ainda não tocou, assim como o planeta e seus problemas, a aceleração histórica, a quantidade de informação que não conseguimos processar e organizar.
        Este ponto é importante porque existe, neste momento, um destino comum para todos os seres humanos. O crescimento da ameaça letal se expande em vez de diminuir: a ameaça nuclear, a ameaça ecológica, a degradação da vida planetária. Ainda que haja uma tomada de consciência de todos esses problemas, ela é tímida e não conduziu ainda a nenhuma decisão efetiva. Por isso, faz-se urgente a construção de uma consciência planetária.
         Conhecer o nosso planeta é difícil: os processos de todas as ordens – econômicos, ideológicos e sociais – estão de tal maneira imbricados e são tão complexos, que compreendê-los é um verdadeiro desafio para o conhecimento. Ortega y Gasset dizia: “não sabemos o que acontece, isto é o que acontece”. 
            É necessária uma certa distância em relação ao imediato para podermos compreendê-lo. E, atualmente, dada a aceleração e a complexidade do mundo, é quase impossível. Mas, faz-se necessário ressaltar, é esta a dificuldade. É necessário ensinar que não é suficiente reduzir a um só a complexidade dos problemas importantes do planeta, como a demografia, ou a escassez de alimentos, ou a bomba atômica, ou a ecologia. Os problemas estão todos amarrados uns aos outros. Daqui para frente, existem, sobretudo, os perigos de vida e morte para a humanidade, como a ameaça da arma nuclear, como a ameaça ecológica, como o desencadeamento dos nacionalismos acentuados pelas religiões. É preciso mostrar que a humanidade vive agora uma comunidade de destino comum.
 
A Antropo-ética.
               O último aspecto é o que vou chamar de  antropo-ético, porque os problemas da moral e da ética diferem a depender da cultura e da natureza humana. Existe um aspecto individual, outro social e outro genético, diria de espécie. Algo como uma trindade em que as terminações são ligadas: a antropo-ética. Cabe ao ser humano desenvolver, ao mesmo tempo, a ética e a autonomia pessoal (as nossas responsabilidades pessoais), além de desenvolver a participação social (as responsabilidades sociais), ou seja, a nossa participação no gênero humano, pois compartilhamos um destino comum.
          A antropo-ética tem um lado social que não tem sentido se não for na democracia, porque a democracia permite uma relação indivíduo-sociedade e nela o cidadão deve se sentir solidário e responsável. A democracia permite aos cidadãos exercerem suas responsabilidades através do voto. Somente assim é possível fazer com que o poder circule, de forma que aquele que foi uma vez controlado, terá a chance de controlar. Porque a democracia é, por princípio, um exercício de controle.
         Não existe, evidentemente, democracia absoluta. Ela é sempre incompleta. Mas sabemos que vivemos em uma época de regressão democrática, pois o poder tecnológico agrava cada vez mais os problemas econômicos. Na verdade, o é importante orientar e guiar essa tomada de consciência social que leva à cidadania, para que o indivíduo possa exercer sua responsabilidade.
       Por outro lado, a ética do ser humano está se desenvolvendo através das associações não-governamentais, como os Médicos Sem Fronteiras, o Greenpeace, a Aliança pelo Mundo Solidário e tantas outras que trabalham acima de entidades religiosas, políticas ou de Estados nacionais, assistindo aos países ou às nações que estão sendo ameaçadas ou em graves conflitos. Devemos conscientizar a todos sobre essas causas tão importantes, pois estamos falando do destino da humanidade.
               Seremos capazes de civilizar a terra e fazer com que ela se torne uma verdadeira pátria? Estes são os sete saberes necessários ao ensino. E não digo isso para modificar programas. Na minha opinião, não temos que destruir disciplinas, mas sim integrá-las, reuni-las em uma ciência como, por exemplo, as ciências da terra (a sismologia, a vulcanologia, a meteorologia), todas elas articuladas em uma concepção sistêmica da terra. 
          Penso que tudo deva estar integrado para permitir uma mudança de pensamento; para que se transforme a concepção fragmentada e dividida do mundo, que impede a visão total da realidade. Essa visão fragmentada faz com que os problemas permaneçam invisíveis para muitos, principalmente para muitos governantes.
              E hoje que o planeta já está, ao mesmo tempo, unido e fragmentado, começa a se desenvolver uma ética do gênero humano, para que possamos superar esse estado de caos e começar, talvez, a civilizar a terra.

Texto postado na Aula 5, Estágio IV, Curso de Matemática 2012.1 UAB/ IFCE 
Imagens do Google.

O "felizmente" não é tortura.

Como seria a aula se ao entrar na sala o professor soubesse exatamente como a aula iniciaria e como terminaria? Quais alunos aprenderiam a matéria estudada e quais não aprenderiam?  E se o professor soubesse como a turma responderia aos seus questionamentos?  Como seria o movimento de reflexão e a troca de saberes?
Para quem faria sentido?

Há tempos, os professores estudam a Didática, no entanto ainda questionam sobre qual será a melhor forma de ensinar. Qual o método que irá garantir a aprendizagem e como incentivar os alunos a manifestarem interesse por suas aulas.

Alguns professores questionam os estudos desenvolvidos nos cursos de Licenciatura que pouco oferecem suporte para a sua prática em sala de aula.

Reclamações sobre a indisciplina e o desinteresse dos alunos deixam coordenadores e gestores escolares sem sugestões para a sua equipe docente. A falta de respeito pelo mestre reina na sala de aula e pelos corredores da escola. A pergunta persiste: o que fazer? Como fazer?

As formas de ensinar não estão listadas em lugar algum. Essa prática docente que alguns educadores buscam encontrar nos livros e nos cursos de formação, felizmente, não existe.

O "felizmente" não  é tortura. É uma justificativa para o nosso fazer pedagógico. Embora, a formação acadêmica possibilite diferentes momentos de aprendizagem e de contrução  de saberes, é ao longo da caminhada profissional, que cada professor irá encontrar significados para o fazer educacional e para o seu projeto de ensino. É a interação com os alunos, os desafios do cotidiano escolar e o confronto com o saber sistematizado que poderão contribuir para a construção da prática docente. Certamente ela nunca estará pronta e, é importante que o professor entenda esse processo.

Edgar Morin sugere um mundo  de possiblidades para a construção de práticas educacionais em "Os sete saberes para a Educação do futuro", principalmente, quando fala sobre a Compreensão humana e sobre as Incertezas. Conhecer esses saberes é um dos caminhos para nortear o professor compromissado com a sua prática.

Abaixo, segue um vídeo que aborda a prática docente, desde a formação acadêmica às salas de aula. Esse vídeo é parte de uma matéria do Globo Cidadania, programa da TV Futura em parceria com a Rede Globo. É relevante comentar o fato de que a emissora exibe esse programa (bastante significativo) num horário em que o professor cansado de sua jornada de trabalho, está dormindo, aproveitando algumas horas de descanso para ir ao planejamento semanal na escola. O programa é exibido aos sábados, às 6:00 h.

Dentre os programas produzidos pela referida emissora, este deveria ser exibido num horário em que estudantes e professores pudessem assistir, substituindo outros que em nada contribuem para a melhoria da educação brasileira.

Veja o vídeo:




domingo, 22 de abril de 2012

O significado da escolha

De repente pulou no meio do caminho. Fantástica, surpreendente e muito linda!
Susto? Que nada! A experiência não causa medo. Pelo contrário, motiva, dignifica e impulsiona.
Resgatar algo bom de si mesmo e compartilhar com o outro não é um mérito. É, na verdade, um presente no melhor momento da vida. E retornar para algo que se quer com muito desejo representa uma alegria muito difícil de expressar com palavras. Para sentir, antes é preciso vivenciar.

Quando o estudante tem o privilégio de escolher a profissão que o faz feliz, é necessário que tenha bastante atenção para não se desviar dos seus objetivos. São muitas as vivências ao longo do caminho e sendo interpretadas equivocadamente, podem atrasar o encontro  que irá revelar o significado da escolha.

Certamente, muitos companheiros também provaram o gosto azedo do medo de se perder no meio do caminho.
Porém, encontrar o caminho de volta é algo compensador.

Depois de tanto caminhar, encontrei o significado da minha escolha.

É fantástico atuar em diferentes setores da Educação: Ensino Superior, Fundamental, Médio, Gestão Escolar e Empresarial...enfim, são experiências  maravilhosas e que significam a profissão. No entanto, é importante saber qual o caminho que desejamos seguir. Qual a direção e onde queremos chegar. Para além disso, é importante refletir se esse trabalho pode contribuir não apenas para garantir a nossa qualidade de vida mas, também a do outro. 

Trabalhar com crianças foi e ainda é o colorido que tonaliza a minha prática pedagógica.

A minha sala de aula ainda não é a ideal. Há poucos recursos. A escola atende uma clientela carente, cuja  assistência é necessária em muitos aspectos. Uma realidade bastante comum na vida profissional de outros colegas. Mas, apesar disso, é possível desenvolver um trabalho buscando melhorias e, ao mesmo tempo, valorizando os recursos disponíveis. É possível desenvolver um trabalho pedagógico de qualidade com o apoio de pessoas que acreditam na transformação crítica e social do ser humano.

Por  acreditar nessa proposta, encontrei o significado da escolha.
Nesse contexto, volto à reflexão inicial.
Pelo caminho que escolhemos seguir, encontramos curvas, pontes a atravessar, algumas quebradas, e nesse momento temos que saltá-las, blitz que nos obrigam a parar. Há ocasiões nas quais precisamos até retornar. Mas, o prazeroso de toda a caminhada é, após vivenciar todas as dificuldades possíveis, chegarmos exatamente onde pretendíamos chegar. Coisas negativas não podem ir contra o nosso desejo de seguir em frente.

Abaixo há alguns registros de práticas pedagógicas da escola onde trabalho. Convido você a conhecer um pouco mais do Centro de Educação Liceu Diocesano. Uma creche que atende crianças do Berçário ao Infantil 5. E o faz com qualidade. 
Veja o quanto valeu a pena persistir por tantos caminhos, vivenciar diferentes experiências, atravessar pontes, saltar obstáculos, surpreender o inimigo e ultrapassar a linha de chegada.

Forte abraço!