segunda-feira, 7 de março de 2011

QUASE inevitável.


De acordo com a Wikipédia, “dentro das "artes", a música pode ser classificada como uma arte de representação, uma arte sublime, uma arte de espetáculo”.  O site descreve diferentes perspectivas sobre concepções musicais:
A abordagem naturalista, por exemplo, afirma que a música não constitui arte e que passa a ser a partir de sua criação e expressão. Por outro lado, as abordagens funcional, artística e espiritual defendem a música como uma atividade humana que tem como condição necessária de existência dois elementos essenciais: o compositor e o ouvinte com o objetivo único de compartilhar sentimentos, de comunicar. Assim, discorda da primeira vertente e define a música como “arte” no sentido estético e semiótico ao qual se destina.
Há ainda a definição social de música, que a descreve como um fenômeno social em suas mais diversas manifestações, apelando para o folclore, para o mito, a magia, para a sua sistematização, entre outros aspectos.
A definição negativa diz que a música não é uma linguagem normal, não é ruído e nem tampouco pode ser definida a partir de sua representação gráfica.
O fato é que, desde a pré-história, no paleolítico, a música é um fenômeno que perpassa a humanidade. Em determinado contexto da história da humanidade, não pode ser considerada como arte, pois usa intenção era imitar os sons naturais.  Em alguns casos, esta característica estava relacionada com crenças ou práticas xamânicas ou tinha as funções de entretenimento a partir do jogo e da caça e a prática para atrair animais.
Diante de tantas informações, as quais considero relevantes para qualquer pessoa, destaco mais uma válida para quem insiste em dizer não se interessar ou não gostar de música: todo ser humano traz um pouco de música dentro si e, mesmo que alguns não admitam, a música ambientaliza-se com o seu jeito de ser e de sentir ou pode ocorrer o contrário. Algumas pessoas se adaptam a função que determinado gênero musical representa para a sociedade. Há quem diga que é nesse ponto que a “coisa” começa a complicar!
Alguns “artistas” modernos apoiados na mídia sensacionalista sugerem suas pérolas, arranjos ora apelativos, ora  repetitivos apenas. É quase inevitável não ouvir e até mesmo não se deixar levar pela batida. Um exemplo recente é o refrãozinho “vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não...”. Nessas circunstâncias, como proceder? Bem, eu disse QUASE inevitável.
Cantarolar determinada melodia ou apreciar o seu ritmo não que dizer que estamos deixando de valorizar música de qualidade.  Pelo contrário, devemos refletir, sempre que possível, sobre nossas preferências, inclusive as musicais. No entanto, não podemos fugir do sentir que é uma das principais características que nos tornam mais sensíveis e, portanto, mais abertos a compreender a constante evolução do mundo.
Estamos no mundo e por mais que defendamos nosso modo de pensar e agir, precisamos dar o braço a torcer ao “sentir”, afinal somos humanos, ora!
Não gosto da música apelativa, acredito que há formas e formas de se trabalhar ritmos que “mexam” com as pessoas, que as façam dançar e que as convençam a sair de suas casas para shows e festas, gastarem o seu dinheiro e passarem a noite toda acordadas.   No entanto, não fecho meus olhos nem faço de conta que sou uma parede quando o Tum Tum começa.  Me balanço mesmo! Cá entre nós, a indústria fonográfica sensacionalista sabe trabalhar.
Apesar disso, há uma distância enorme entre se deixar contagiar com um ritmo (que se escuta de trinta em trinta minutos nos aparelhos de som e/ou TV em volume máximo da vizinhança) a analisá-lo como uma obra musical.
Precisamos sentir a música, mas ao mesmo tempo, esta deve significar algo, deve comunicar algo. Há compositores, músicos arranjadores e executores, instrumentos, equipamentos que tornam a música concreta (ou abstrata). Esse processo ocorre para que alguém se expresse e um outro alguém possa compreender as idéias e palavras que partiram do mundo imaginário para o mundo real. A música precisa de um “ouvinte” que possa não apenas ouvir e sentir, mas que possa também interpretar ou não, ressignificar ou não o que está sendo externalizado.  Um processo que envolve sentimentos, emoções e intenções.
Sim, a música é também um meio de comunicação intencional.
Ouvir repetidas vezes, numa batida mais ou menos “agradável”, frases como “chupa que é de uva” ou “beber. cair e levantar”, é uma prática auditiva que passa de mensagem cantada à apropriação da mesma pelo ouvinte se o mesmo não for reflexivo nem usar a prática da “peneira”.  
Com base nessa última informação, é que a afirmativa “devemos refletir, sempre que possível, sobre nossas preferências, inclusive as musicais” ganha uma atenção especial.
Não é apenas o que estamos ouvindo (ou dançando), mas a reflexão necessária nesse sentido é: o que estamos aprendendo.
Tudo que aprendemos no presente reflete no tipo de mundo e de sociedade que queremos construir. Deixo o seguinte questionamento: queremos?
Se a resposta for positiva, chamo a atenção para o objetivo deste espaço. Saiamos do âmbito do discurso e partamos para a prática.
Quais as nossas preferências musicais? Que música nossos filhos estão ouvindo e porque estão ouvindo? Que exemplo de educação musical estamos praticando?
Convido os amigos a refletirmos um pouco mais sobre essas questões.

Por: Maria das Dores Bezerra.

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