sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Educador por opção (?), formação e formações na profissão do professor psicopedagogo.




Há várias décadas, lutas são travadas por melhorias na educação brasileira. A legislação educacional do país só passou a existir a partir do enfrentamento de educadores compromissados e empenhados numa educação de qualidade e igual para todos. Sabe-se que os problemas são diversos, entre eles, acredita-se que um dos mais comprometedores seja a falta de formação dos educadores e/ou de sua formação continuada. A pesquisa, a curiosidade do educador, o seu compromisso com a educação cedem espaço para um documento que lhes certifique o título necessário para uma maior pontuação em concursos ou para o aumento de seus salários. O significado de ser educador aos poucos é substituído por outro de interesse particular, fazendo com que alguns profissionais dessa área a vivenciem como uma renda apenas. Ser educador na maioria das vezes deixa de ser opção para ser alternativa. Evidentemente, o discurso ensino por amor é ultrapassado e já não convence mais. É importante que esse amor à profissão seja algo concreto e represente para o educando um respeito ao seu caminhar “gradativo” no processo ensino-aprendizagem. Se falta prazer para o professor atuante, conseqüentemente, lhe faltará um olhar sensível para os seus educandos e seu processo de aprendizagem e desenvolvimento.
Em algumas escolas essa realidade chega a ser cruel. O estudante confia no professor que por sua vez não se “sensibiliza” com o seu tempo de aprender.
A sensibilidade pedagógica é uma característica primordial no educador. O educador insensível não percebe os avanços ou os regressos que o estudante sofre no decorrer de sua vida escolar. Assim é rotulado como aquele que não aprende porque não tem interesse ou porque tem algum transtorno de aprendizagem. Isso é possível, no entanto, diagnosticar sem compreender é um risco que poderá prejudicar o estudante durante toda a sua vida.
O psicopedagogo atuante tem uma participação tão significativa nesse processo de sensibilização.
Uma das habilitações do pedagogo é o de professor polivalente das séries iniciais do Ensino Fundamental. Na Universidade, ainda estudante, ele passa por diversas situações nas quais pode refletir, questionar ou formar seus próprios conceitos sobre as teorias educacionais, as tendências pedagógicas e sua aplicação na educação. Alguns graduados reproduzem práticas incoerentes para o contexto atual, representando situações irremediáveis para estudantes que podem até aceitar essa postura sem questionar ou transformar as informações.
Surge a necessidade da formação continuada e a busca pelos cursos de pós-graduação. Na região do Cariri, o curso de Psicopedagogia é o mais acessível e se apresenta como um dos cursos de especialização que mais especializa profissionais da Educação, sendo o professor o psicopedagogo mais comum na cidade de Juazeiro do Norte. O fato é que tendo concluído o curso de Psicopedagogia, alguns desses profissionais não conhecem a sua área de atuação e nem a utilizam para o crescimento intelectual e social de seus educandos. Aulas explicativas sobre os conteúdos, a aplicação de provas e notas, a aprovação ou reprovação dos estudantes, o cumprimento dos horários de planejamento, de reuniões, de saída e de chegada à instituição de ensino, faz parte de uma rotina que representa as obrigações de alguns professores... E apenas isso.
Há décadas, o Ensino Tradicional foi considerado eficaz no processo de alfabetização no Brasil. Decodificar os símbolos foi suficiente até que se percebesse a importância da interpretação desses códigos e de sua compreensão. A leitura de mundo passou então a ser instrumento de reflexão e de defesa dos educadores compromissados com a qualidade da educação brasileira. Apesar dos equívocos na interpretação de alguns educadores e de suas respectivas instituições de ensino, as teorias sóciointeracionistas e/ou construtivistas passaram a ser objeto de estudo e o seu significado pôde ser mais bem interpretado e utilizado nos processos de aprendizagem e desenvolvimento. No entanto, essa prática é minoritária. Grande parte dos profissionais da educação ainda não compreende que mesmo no Ensino Tradicional as inovações são necessárias para que o sujeito do conhecimento possa acompanhar e participar da evolução da humanidade. São flagrantes momentos de aprendizagens se resumindo a sala de aula num processo em que um mestre ensina e um aprendiz apreende. Quando este último consegue externalizar o que foi apreendido os resultados nos boletins escolares representam troféus a serem exibidos, quando ocorre o contrário tornam-se motivos de vergonha e de desmotivação. Eis então o fantasma do fracasso escolar, do analfabetismo, da evasão, da repetência e de tantos outros problemas que empobrecem a educação brasileira.
Os teóricos que pensaram a educação a partir de concepções voltadas para o sujeito da aprendizagem não se substanciaram em idéias pára-quedistas.  Essas idéias foram laborais no intuito de se investigar como o sujeito aprende, sendo possível descobrir também porque não aprende. Diagnosticando as necessidades de aprendizagem do sujeito, a análise será então para sugerir as diferentes possibilidades para que a aprendizagem ocorra e, conseqüentemente, o desenvolvimento do indivíduo. Haverá momentos em que o psicopedagogo professor não conseguirá trabalhar essas possibilidades sem a ajuda de outros profissionais, e é imprescindível que sensivelmente perceba suas habilidades e limites de atuação. Porém, não poderá ser omisso, pois é o profissional que preferivelmente conhece essas possibilidades a ponto de se não for de sua competência desenvolvê-las no educando, mas que caminhando no processo junto com os profissionais habilitados, possa voltar ao âmbito pedagógico, resgatar valores e sugerir caminhos a fim de contribuir para o desenvolvimento crítico e social do educando.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário