sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A hora do recreio, sensibilidade pedagógica.


De acordo com o dicionário Aurélio, recreio significa divertimento, prazer. As crianças necessitam de um intervalo entre uma seqüência e outra de aulas. No recreio, poderão ter a possibilidade de descansar a mente, descontrair-se e depois voltar para a sala de aula com uma maior capacidade de concentração e motivação para aprender. É certo afirmar que nem todas as escolas têm a mesma prática. Algumas, inovam com o intuito de acompanharem a evolução da humanidade, de participarem do processo de inclusão, demonstrando compromisso com o processo ensino aprendizagem e desenvolvendo o seu papel social. Outras, deixam de desenvolver uma característica imprescindível a toda instituição educacional e a todo educador: a sensibilidade pedagógica.      
Em algumas escolas, a hora do recreio pode ter diferentes significados:. Um deles, o mais comum, seria semelhante a descrição a seguir: Após passar horas sentada na sala de aula, a criança espera ansiosa a hora do recreio. Na sala de aula não há o divertimento nem o prazer que o recreio lhes proporciona. As crianças saem da sala de aula para correrem livremente pelo pátio da escola ou quadra de esportes se a instituição possuir uma. Algumas, bem criativas, organizam jogos e brincadeiras que na maioria das vezes fazem parte do acervo da comunidade do bairro onde residem. Quando retornam à sala, elas ficam atentas ao término da aula, que seria a hora de retornarem para casa.
Acredita-se que o significado descrito a seguir seja apenas a realidade  de algumas escolas e de alguns professores que ainda não compreendem os diferentes espaços e momentos de aprendizagem e o que estes representam para o desenvolvimento de seus alunos. Nesse contexto, em alguns momentos, a hora do recreio é sinônimo de "a hora do descanso" ou a “hora do cafezinho”. Não estou afirmando que o professor deva abrir mão dos quinze minutos de intervalo, necessários também para o seu descanso mental e um retorno mais produtivo à sala de aula. Não se trata de agregar mais uma atividade a ser desenvolvida pelo professor. A intenção é refletir sobre a perda de momentos significativos para a observação da aprendizagem e desenvolvimento de seus educandos. Um dia ou dois por semana que a escola dedique à observação sistematizada e intencional dos estudantes poderá refletir na mudança de comportamento e melhor administração dos distúrbios apresentados por esses alunos. Pois, se trata de um momento de interação com o grupo, de um momento socializado espontâneo, no qual a criança se desprende, (re)cria situações, (re)inventa a sua realidade, ou pode ocorrer exatamente o contrário. Pode ser o momento em que a criança se omite do grupo, não interage, não brinca e não se desprende. É o momento em que algumas escolas também se omitem, pois não estão observando, perdendo assim a oportunidade de analisar esse cenário a partir de um olhar sensível e pedagógico. A ausência desse olhar poderá impossibilitar questionamentos necessários ao sucesso do aluno, como: Porque a criança não interage? Porque se distancia de um momento tão prazeroso para os demais membros do grupo? Porque essa criança não demonstra interesse por jogos e brincadeiras tão atrativos? Está desinteressada do recreio ou apenas cansada das horas que passou sentada na sala de aula?
Reitero que não se trata de "sacrificar" os quinze minutos de intervalo, mas que a escola como um todo poderá desenvolver estratégias para observar e intervir de forma eficaz nesse processo.
Se não há observação, não há questionamentos, se não há sensibilidade não há inquietação pela descoberta, se não há descoberta não há avanços. 
 A escola é, por excelência, capaz de organizar os seus espaços e momentos de aprendizagem. Assim, terá mais um recurso/ instrumento que irá contribuir significativamente para a aprendizagem e o desenvolvimento dos seus educandos. Sem sacrifícios, sem desordem e sem perdas.
A sensibilidade pedagógica é a prática que poderá tornar a hora do recreio um momento possível de ser observado e utilizado nos processos de análise, diagnóstico e de avaliação.

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