O Projeto Música Para Ser Feliz surgiu da necessidade de compreender e experimentar no chão da escola, as diversas percepções musicais de crianças e adolescentes.
Percebemos que a ludicidade pouco a pouco é retirada da vivência escolar das crianças. Em alguns contextos, isso ocorre em prol de resultados numéricos contabilizados apenas num momento do aluno e, que nem sempre condizem com a sua realidade. Um outro fato que ocasionou nossa intervenção foi a desvalorização das Artes no processo de Ensino e aprendizagem. Apesar da legislação vigente (LDB 9394/96, Lei n.º 12.287/2010, Lei n.º 11.769/2008, dentre outras), percebe-se que a hierarquia das disciplinas persiste em reinar nos currículos e propostas pedagógicas dos sistemas de ensino e, consequentemente, das escolas.
É imprescindível que os sistemas de ensino avaliem a qualidade da aprendizagem, no entanto, é fato que um dos grandes vilões desse processo no Ceará, são as avaliações externas. Não por sua característica avaliativa mas, pela forma como, atualmente, são geridas e desenvolvidas pelas secretarias de educação e escolas públicas.
Não vou aprofundar essa questão nesse momento, no entanto, citá-la foi imprescindível para refletir sobre a realização desse projeto.
Ouvir da criança que seus colegas "lhe deram respeito" depois de experiências que lhe permitiram expressar-se e comunicar-se, representou uma das validações dessa experiência. Foi o primeiro passo para que algumas crianças de realidades críticas e sem perspectivas, vislumbrassem o querer contribuir com algo, para também querer contribuir consigo mesmas.
O Projeto Música Para Ser Feliz teve um planejamento estrutural, crítico e processual, considerando etapas como: objetivo(s), metodologia (e/ou estratégias), recursos, orçamento, cronograma, dentre outras.
Pensando num planejamento coletivo participativo, construímos junto com os alunos as etapas do Projeto. Essas atividades envolveram desde a escuta dos alunos, de suas preferências, de suas percepções, à produção de um repertório, de adaptações de músicas à histórias e vice e versa, de releituras e, por fim, a criação de um show musical incluindo todas as suas escolhas e ideias. Todo o trabalho permitiu aos alunos uma vivência de pesquisas, leituras, escritas, falas, interpretações, diversos registros e uma auto estima bastante elevada.
Certamente, esse trabalho gerou mais aprendizagem do que algumas semanas de "reforço escolar", utilizando apenas as letras do alfabeto e a formação de sílabas.
Deixamos um gostinho dessa experiência aqui em nosso blog. Vale a pena conhecer esse trabalho e em que este reverberou na vida dos alunos e também de professores e colaboradores.
Um forte abraço!